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Alcance da transmissão de alimentação

Geralmente, os sistemas de vigilância por vídeo CCTV requerem cabos de alimentação longos para alimentar dispositivos electrónicos ligados, tais como câmaras. Neste caso, deve-se considerar um parâmetro chave, ou seja, a “queda de tensão” no cabo de alimentação. Em muitos casos, os instaladores não estão cientes dos efeitos do fluxo de corrente através dos cabos de alimentação, mas a alimentação é uma questão chave no projeto de qualquer instalação de CCTV.

 

Normalmente, os fabricantes indicam uma tensão de alimentação específica, por exemplo, 12 V DC para um dispositivo específico, mas não informam sobre a faixa dessa tensão (valores mínimo e máximo). Os testes práticos mostram que a tensão pode cair para 11 V para uma câmara com alimentação de 12 V. Abaixo desse valor, pode haver interferências e perda do sinal de vídeo. A queda de tensão no cabo entre a fonte de alimentação e a câmara não deve exceder 1 V. Muitos clientes usam várias calculadoras de alimentação sem nenhum conhecimento teórico ou prático. Portanto, tentaremos apresentá-lo neste artigo.

 

A resistência eléctrica de qualquer cabo é maior do que 0. Dois efeitos podem ser observados quando a corrente flui através do cabo com uma certa resistência.

 

1. Uma queda de tensão ocorre de acordo com a lei de Ohm.

 

2. A energia eléctrica é convertida para a energia térmica de acordo com a lei de Ohm.

 

ou

 

Cada cabo é um resistor. Abaixo há um diagrama de cabo de 2 fios (só inclui a resistência).

 

A queda de tensão deve ser considerada em ambos os condutores, então a resistência total (R) de um cabo de dois fios é a seguinte: R = R1 + R2.

 

Abaixo, há um diagrama do circuito que ilustra a queda de tensão em um cabo de dois fios:

 

onde:
Uin – tensão de alimentação, por exemplo de uma fonte de alimentação,
I – corrente qui flui no circuito,
R1 – resistência do primeiro condutor do cabo,
R2 – resistência do segundo condutor do cabo,
UR1 – queda de tensão no primeiro condutor do cabo,
UR2 – queda de tensão no segundo condutor do cabo,
L – comprimento do cabo,
RL – carga, por exemplo, uma câmara,
URL – tensão da carga.

 

Depois de fornecer a tensão da fonte de alimentação (Uin) para o cabo e ligar a carga (RL), a corrente (I) flui através do circuito causando uma queda de tensão no cabo (UR1 + UR2). A seguinte relação ocorre: a tensão de saída na carga é reduzida pelo valor da queda de tensão no cabo.

 

A queda de tensão (Ud) é calculada usando a seguinte fórmula para a tensão contínua e alternada (monofásica):

 

onde:
Ud – queda de tensão em volts (V),
2 – constante resultante do cálculo da queda de tensão em dois condutores,
L – comprimento do cabo em metros (m),
R – resistência de um único condutor em (Ω/km),
I – corrente absorvida pela carga, em amperes (A).

 

Como pode ser visto, a queda de tensão não depende da magnitude da tensão de entrada, mas da corrente, comprimento e resistência do condutor.

 

A grande maioria das câmaras de CCTV tem um consumo de corrente variável. Isto se deve ao facto de que o iluminador de infravermelhos se acende à noite, o que aumenta o consumo de corrente. Por exemplo, a câmara consome 150 mA durante o dia e 600 mA à noite. Não é recomendado fornecer à câmara uma tensão mais alta para compensar a perda no cabo de alimentação, pois a queda de tensão é variável. Para um cabo de alimentação longo com o iluminador de infravermelhos ligado, a tensão de alimentação da câmara será correcta. Ao desligar o iluminador diminui o consumo de corrente da câmara e aumenta a tensão da carga, o que pode danificar a câmara.

 

É necessário conhecer os valores da resistência de um único condutor, em Ω/km, para calcular a queda de tensão. O método de cálculo destes valores é fornecido mais adiante neste artigo. A tabela mostra os dados para diferentes secções transversais de condutores.

 

 

Secção transversal do condutor [mm2] Resistência [Ω/km] (condutor único)
0,5 35,6
0,75 23,73
1 17,8
1,5 11,87
0,19625 (UTP K5 Ø0,5 mm) 90,7
0,246176 (UTP K6 Ø0,56 mm) 72,31

Exemplo

Fonte de alimentação 12 V DC, cabo de dois fios com secção de 0,5 mm2 e comprimento de 50 m, câmara (carga) com consumo de corrente de 0,5 A (500 mA). Substituímos estes valores na seguinte fórmula:

 

Os cálculos mostram que a queda de tensão no cabo de dois fios é de 1,78 V (2 x 0,89 V). Esta é, obviamente, a queda total de tensão nos dois condutores. Consequentemente, a tensão na carga cairá para:
12 V – 1,78 V = 10,22 V, conforme mostrado no diagrama abaixo.

 

A porcentagem de perdas devidas à queda de tensão no cabo de alimentação pode ser facilmente calculada usando a seguinte fórmula:

 

onde:
Ud% – porcentagem de perdas de tensão no cabo (%),
Ud – queda de tensão,
Uin – tensão de entrada.

 

Depois da substituição na fórmula, pode-se calcular a porcentagem de perda de tensão na carga, ou seja, a perda de tensão na rede eléctrica.

 

A queda de tensão, nomeadamente, com baixa tensão de alimentação, é um problema sério. Se aumentarmos a tensão de alimentação, a queda de tensão no cabo será a mesma, mas a porcentagem de queda de tensão na carga será menor.

 

Exemplo

Como no exemplo anterior: cabo de dois fios com secção de 0,5 mm2 e comprimento de 50 m, câmara (carga) com consumo de corrente de 0,5 A (500 mA), fonte de alimentação de 24 V DC.

 

Perda de tensão na linha de alimentação:

 

Como pode ser visto, a queda de tensão no cabo será de 1,78 V, reduzindo a tensão na carga de 24 V para 22,22 V, ou seja, em 7,4%, o que não afectará o funcionamento da carga.

 

Exemplo

Como nos exemplos anteriores: cabo de dois fios com secção de 0,5 mm2 e comprimento de 50 m, câmara (carga) com consumo de corrente de 0,5 A (500 mA), fonte de alimentação de 230 V DC.

 

Perda de tensão na linha de alimentação:

 

Como pode ser visto, a queda de tensão no cabo será de 1,78 V, reduzindo a tensão na carga de 230 V para 228,2V, ou seja, em 0,77%, o que não afectará o funcionamento da carga.

 

Vamos analisar três casos de alimentação para tensões diferentes. A queda de tensão é idêntica em todos os casos e não é afectada pelo nível da tensão de alimentação. Em instalações de 230 V, a queda de tensão, na carga de alguns volts, é irrelevante, porém, em uma instalação de 12 V, a queda de tensão pode ser um problema sério, causando um mau funcionamento do dispositivo alimentado.

 

Para os cálculos acima foi necessário conhecer a resistência do cabo em Ω/km. A resistência de um único condutor é calculada de acordo com a segunda lei de Ohm. Esta lei estabelece que a resistência de um condutor com secção transversal constante é directamente proporcional ao seu comprimento e inversamente proporcional à área da sua secção transversal.

 

Isso é expresso por uma fórmula de cálculo da resistência de um cabo com comprimento L e secção transversal S:

 

onde:
R – resistência de um único condutor em ohms (Ω),
p – resistividade (resistência específica) do condutor (Ω mm2/m) específica para o material utilizado (para o cobre, o valor 0,0178 é substituído sempre),
L – comprimento do condutor em metros (m),
S – área da secção transversal do condutor expressa em milímetros quadrados (mm2).

 

Para o cobre, a resistividade é de 0,0178 (Ω mm2/m), o que significa que 1 m do cabo com uma área da secção transversal de 1 mm2 tem uma resistência de 0,0178 Ω (para o cobre puro). Este é um valor aproximado que pode variar, dependendo da pureza e métodos de tratamento do cobre. Por exemplo, cabos baratos feitos na China contêm ligas de cobre e alumínio ou podem conter outros metais que causam o aumento da resistividade e, portanto, a sua resistência aumenta e há uma maior queda de tensão. Para o alumínio, a resistividade é de 0,0278 (Ω mm2/m).

 

Exemplo

Calculamos a resistência de um condutor de cobre com o comprimento de 1000 m e uma área da secção transversal de 0,75 mm2.

 

Portanto, um único condutor com o comprimento de 1000 m tem uma resistência de 23,73 Ω.

 

Com base na fórmula acima e na lei de Ohm, é possível calcular facilmente a corrente máxima para um comprimento específico de condutor com uma área da secção transversal específica (em mm2). Colocamos 2 na fórmula, já que vamos calcular o comprimento efectivo de 2 condutores.

 

Exemplo

Temos um cabo com comprimento de 30 m e área da secção transversal de 2 x 0,75 mm2.

 

Primeiro, calculamos a resistência do condutor.

 

Para uma instalação de 12 V, consideramos uma queda de tensão de 1 V. Isto significa que a tensão na carga cai para 11 V. A corrente máxima pode ser calculada de acordo com a lei de Ohm.

 

Exemplo

Um cabo de par trançado tem 4 pares de condutores. Vamos calcular a queda de tensão em um único par de condutores considerando o consumo de corrente por uma carga de 500 mA (0,5 A) para um cabo de par trançado UTP K5 com o comprimento de 40 m e uma área da secção transversal de 0,19625 mm2, alimentação de 12 V.

 

Primeiro, calculamos a resistência do condutor (o cabo de par trançado UTP K5 tem uma área da secção transversal de 0,19625 mm2):

 

Aplicando a lei de Ohm, calculamos a queda de tensão total em 2 condutores para uma corrente de 500 mA (0,5 A).

 

Portanto, a queda de tensão, na linha de alimentação, é de 3,62 V e a tensão na carga é de 8,38 V (12 V – 3,62 V = 8,38 V).

 

Também é possível calcular, a partir da lei de Ohm, a corrente máxima para uma queda de tensão de 1 V para uma instalação alimentada a 12 V, o que significa que a tensão na carga é reduzida para 11 V.

 

Os cálculos foram realizados para um único par de um cabo de par trançado. Frequentemente, 2, 3 ou 4 pares de um cabo de par trançado são usados ​​para reduzir a queda de tensão. Os pares são ligados em paralelo para aumentar a área da secção transversal e diminuir a resistência da linha, o que causa uma redução das perdas de tensão.

 

Cálculos realizados para os mesmos parâmetros: cabo de par trançado UTP K5, corrente de 500 mA (0,5 A) e comprimento de 30 m, alimentação de 12 V:

  • 1 par – tensão na carga = 8,38 V,
  • 2 pares – tensão na carga = 10,16 V,
  • 3 pares – tensão na carga = 10,8 V,
  • 4 pares – tensão na carga = 11,1 V.

     

  • A tabela a seguir mostra a corrente máxima que pode ser transmitida através de um cabo de determinado comprimento e secção transversal, de forma que a queda de tensão na carga não exceda 1 V. Os cálculos foram realizados para os 2 condutores.

     

    Comprimento do cabo [m] Corrente máxima – cabo de cobre 2 x 0,5 mm2 [A] Corrente máxima – cabo de cobre 2 x 0,75 mm2 [A] Corrente máxima – cabo de cobre 2 x 1 mm2 [A] Corrente máxima – cabo de cobre 2 x 1,5 mm2 [A] Corrente máxima – cabo de cobre 2 x 2,5 mm2 [A]
    10 1,40 2,10 2,80 4,21 7,02
    20 0,70 1,05 1,40 2,10 3,51
    30 0,46 0,70 0,93 1,40 2,34
    40 0,35 0,52 0,70 1,05 1,75
    50 0,28 0,42 0,56 0,84 1,40
    60 0,23 0,35 0,46 0,70 1,17
    70 0,20 0,30 0,40 0,60 1,00
    80 0,17 0,26 0,35 0,52 0,87
    90 0,15 0,23 0,31 0,46 0,78
    100 0,14 0,21 0,28 0,42 0,70
    110 0,12 0,19 0,25 0,38 0,63
    120 0,11 0,17 0,23 0,35 0,58
    130 0,10 0,16 0,21 0,32 0,54
    140 0,10 0,15 0,20 0,30 0,50
    150 0,09 0,14 0,18 0,28 0,46

    A tabela a seguir mostra a corrente máxima transmitida através de um cabo de par trançado de determinado comprimento, de forma que a queda de tensão na carga não exceda 1 V. Os cálculos foram realizados para a potência transmitida por 1, 2, 3 e 4 pares do cabo de par trançado (Cat. 5 e 6).

     

    Comprimento do cabo [m] Corrente máxima – cabo de par trançado UTP K5 1 par
    2 x 0,19625 mm2 [A]
    Corrente máxima – cabo de par trançado UTP K5 2 pares
    4 x 0,19625 mm2 [A]
    Corrente máxima – cabo de par trançado UTP K5 3 pares
    6 x 0,19625 mm2 [A]
    Corrente máxima – cabo de par trançado UTP K5 4 pares
    8 x 0,19625 mm2 [A]
    Corrente máxima – cabo de par trançado UTP K6 1 par
    2 x 0,246176 mm2 [A]
    Corrente máxima – cabo de par trançado UTP K6 2 pares
    4 x 0,246176 mm2 [A]
    Corrente máxima – cabo de par trançado UTP K6 3 pares
    6 x 0,246176 mm2 [A]
    Corrente máxima – cabo de par trançado UTP K6 4 pares
    8 x 0,246176 mm2 [A]
    10 0,55 1,10 1,65 2,20 0,69 1,38 2,07 2,76
    20 0,27 0,55 0,82 1,10 0,34 0,69 1,03 1,38
    30 0,18 0,36 0,55 0,73 0,23 0,46 0,69 0,92
    40 0,13 0,27 0,41 0,55 0,17 0,34 0,51 0,69
    50 0,11 0,22 0,33 0,44 0,13 0,27 0,41 0,55
    60 0,09 0,18 0,27 0,36 0,11 0,23 0,34 0,46
    70 0,07 0,15 0,23 0,31 0,09 0,19 0,29 0,39
    80 0,06 0,13 0,20 0,27 0,08 0,17 0,25 0,34
    90 0,06 0,12 0,18 0,24 0,07 0,15 0,23 0,30
    100 0,05 0,11 0,16 0,22 0,06 0,13 0,20 0,27

    Para todos os cálculos acima, é necessário conhecer a área da secção transversal do condutor, expressa em milímetros quadrados. Este parâmetro não deve ser confundido com o diâmetro.

     

    Para cabos mais grossos, tais como cabos de alimentação, os fabricantes e distribuidores indicam a área da secção transversal em milímetros quadrados (mm2). Em contraste, para cabos mais finos, tais como cabos de telecomunicações ou cabos de dados, o diâmetro do cabo é dado em milímetros (mm) e, nesses casos, o diâmetro deve ser convertido para a área da secção transversal.

     

    O diagrama a seguir mostra a diferença entre a área da secção transversal e o diâmetro do cabo:

     

    onde:
    S – área da secção transversal do cabo em milímetros quadrados (mm2),
    D – diâmetro do cabo em milímetros (mm),
    r – raio do cabo (metade do diâmetro) em milímetros (mm),
    L – comprimento do cabo.

     

    Fórmula para calcular a secção transversal:

     

    ou

     

    π – número pi, uma constante matemática = 3,14

     

    Exemplo

    Cabo de par trançado UTP de cat. 5e. O diâmetro fornecido pelo fabricante é S = 0,5 mm. Calculamos a secção transversal em mm2.

     

    ou

     

    Portanto, um cabo com o diâmetro de 0,5 mm tem uma área da secção transversal de 0,19625 mm2.

     

    Resumo

     

    Os factores principais que influenciam a queda de tensão:

  • corrente – relação de acordo com a lei de Ohm: quanto maior for a corrente, maior será a queda de tensão;
  • diâmetro ou área da secção transversal do cabo – quanto mais fino for o cabo, maior será a queda de tensão;
  • comprimento do cabo – logicamente: quanto mais longo for o cabo, maior serão a resistência e a queda de tensão;
  • material de que o cabo é feito. Actualmente, a maioria dos cabos é feita de cobre que tem boas propriedades condutivas. No mercado, existem cabos chineses baratos que parecem cobre, mas são feitos de uma liga que contém, por exemplo, alumínio e magnésio. Também é possível encontrar um arame de aço com uma camada fina de cobre. Tudo isso implica maior resistência e maior queda de tensão.